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sábado, 3 de dezembro de 2011

Angústia e esperança


– Camus..., Cera..., Charlot..., Charlier..., cá está... Da, di, do... Dumaine, cá está, cá está, sim senhor. Estavam realmente destinados um ao outro. Mas houve um engano nos serviços de nascimento.
Eva e Pedro sorriem, felizes e confusos, e apertam as mãos às escondidas.
Eva está um bocado admirada, Pedro vaidoso.
A velha senhora inclina-se para trás, examina-os atentamente e observa-os através do seu lorgnon.
– Lindo par! – comenta ela.
Entretanto a velha senhora inclina-se de novo sobre o livro de registro no qual está escrito o famoso artigo nº 140, desta vez apenas para resumir:
– Eis as condições às quais terão que obedecer. Tornarão à vida. Não esquecerão nada do que aprenderam agora. Se no fim de vinte e quatro horas vocês tiverem conseguido amar-se com toda a confiança e com todas as vossas forças terão direito a uma nova vida humana.
Depois designou um despertador que está em cima da secretária e diz:
– Se dentro de vinte e quatro horas, ou seja, amanhã as 10h30, não tiverem conseguido...
Pedro e Eva olham com angústia para o despertador.
– Se entre vós houver a mais pequena desconfiança... voltarão a ver-me e recuperarão o vosso lugar entre nós. Perceberam? 

Jean-Paul Sartre. Os dados estão lançados




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